domingo, 4 de agosto de 2013
lembranças covardes e antidepressivos.
Você me perguntou se poderia sentar na cadeira ao lado, eu disse que sim. Você me disse, vem comigo e eu não tive duvidas em seguir as estrelas. Me ensinou a ter asas e eu passei a gostar de voar. Me disse que eu era a sua família e eu fui nas reuniões do seu condomínio. E as minhas fotos passaram a ter algo seu, nem que esse algo fosse aquele cactus que ganhamos na exposição de plantas. E eu passei a gostar de por dois pratos na mesa. Passamos noites bebendo e buscando constelações. E em outras noites você me fez mulher várias vezes.
Um dia você me disse que iria seguir em frente. Nesse momento o tempo ficou cinza e eu senti frio, muito frio. Você sabe como eu tenho pavor a frio. Você sabe como eu não posso sentir frio. Aperto e frio. Ainda sim, você seguiu em frente.
Ferida aberta, escancarada, sangrando. Sinto todos os músculos do meu corpo se contraindo e tornando física a dor em te ver partir. Hemorragia. E eu não consigo chorar. Eu só consigo lembrar.
Lembrar de você segurando meu cabelo no alto e beijando minha nuca me atormentam. Lembranças da sua respiração no meu pescoço. Lembranças do seu cheiro no meu travesseiro. E eu só estava tomando uma cerveja quando você pediu para sentar na mesa ao lado.
Lembranças covardes e antidepressivos.
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