O mundo e outras tagarelices por Graziella Scassa
Meus pensamentos sobre ser mulher no século XXI
domingo, 4 de agosto de 2013
lembranças covardes e antidepressivos.
Você me perguntou se poderia sentar na cadeira ao lado, eu disse que sim. Você me disse, vem comigo e eu não tive duvidas em seguir as estrelas. Me ensinou a ter asas e eu passei a gostar de voar. Me disse que eu era a sua família e eu fui nas reuniões do seu condomínio. E as minhas fotos passaram a ter algo seu, nem que esse algo fosse aquele cactus que ganhamos na exposição de plantas. E eu passei a gostar de por dois pratos na mesa. Passamos noites bebendo e buscando constelações. E em outras noites você me fez mulher várias vezes.
Um dia você me disse que iria seguir em frente. Nesse momento o tempo ficou cinza e eu senti frio, muito frio. Você sabe como eu tenho pavor a frio. Você sabe como eu não posso sentir frio. Aperto e frio. Ainda sim, você seguiu em frente.
Ferida aberta, escancarada, sangrando. Sinto todos os músculos do meu corpo se contraindo e tornando física a dor em te ver partir. Hemorragia. E eu não consigo chorar. Eu só consigo lembrar.
Lembrar de você segurando meu cabelo no alto e beijando minha nuca me atormentam. Lembranças da sua respiração no meu pescoço. Lembranças do seu cheiro no meu travesseiro. E eu só estava tomando uma cerveja quando você pediu para sentar na mesa ao lado.
Lembranças covardes e antidepressivos.
segunda-feira, 8 de abril de 2013
Paranormalidade, leituras que não ajudam em nada e afins...
É incrível como quanto mais eu gosto de alguém, mas eu faço de tudo para me afastar do cara. Deve haver alguma explicação paranormal para isso. Vai ver algum cara q eu dispensei na encarnação passada e que ainda anda na minha cola, impedindo futuros romances. Ou aquela maldita lei da física que diz que dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço. Já que não ocuparemos a mesma moradia, ou que seja, pelo menos a mesma cidade, melhor seguir em frente.
Já pensei que culpa seria daquele chapolim insuportável do facebook dizendo que para eu me interessar por alguém, basta a pessoa não querer saber de mim, ser comprometida ou morar longe. E morar longe, de fato, é a minha escolha preferida. Porque romances acabam e as pessoas eventualmente se deixam vencer pela insistência (não que eu insista porque sou campeã olímpica em fingir que sou uma pedra de gelo) mas morar longe é imbatível. Ainda mais com os preços das passagens aérea que estão pela hora da morte.
Ou talvez o problema todo seja eu ter lido “ele simplesmente não está afim de você” e, a partir dele chegar a conclusão que nem o vendedor de cachorro quentes da rua é afim de mim. Ô livro que faz todas as nossas esperanças se enfiarem no primeiro ralo que encontram. É para o meu azar, nenhum ralo está entupido, de forma que nem posso ver a minha esperança ali, boiando junto com uma embalagem de Trident e ter a esperança de resgatá-la e viver sob o domínio delas por mais algumas horas. Nada. Ela afunda e pronto.
A partir desse livro, vivemos sob o paradigma de que nenhum homem está afim de nós o bastante. Estabelecemos padrões de comportamento inatingíveis. Nos desligamos da conquista. Enfiamos na cabeça de que se o cara realmente estivesse afim, ele faria o impossível. E como ele não faz, usamos toda a nossa energia em função da indiferença. Esquecemos que os homens também tem seus medos, suas desconfianças e que nem sempre poderão tomar todas as iniciativas. Esquecemos de fazer a nossa parte.
Maldita lei da física e malditos ex namorados paranormais, maldito chapolim do facebook e maldito dia que eu entrei na livraria escondida por um xale e como uma foragida me infiltrei na sessão de livros de autoajuda garanti o meu exemplar de “Ele simplesmente não está afim de você”. Um dia ainda me vingo de vocês. A boca do sapo vai ser pouco...
terça-feira, 12 de fevereiro de 2013
Mentiras que as mulheres contam.
Ok bonitões, as mulheres – de vez em quando – contam alguma coisas que não são bem verdades. Não é uma mentira, que fique bem claro. É só uma observação, um fato ou uma informação que não tem 100% a ver com a verdade. Tudo com o objetivo de deixá-los mais felizes.
15- Nem tinha reparado que você estava aqui (quando finalmente é abordada pelo bofe);
14- Ah, sempre tem um cara xarope (quando quer que o rapazinho pense que ela é muito paquerada);
13- Não tinha ouvido o telefone tocar (quando estava esperando o celular tocar 4 vezes antes de atender);
12- Coloquei a primeira roupa que encontrei (quando encontra o cara dos sonhos e não quer que ele saiba q ela se produziu para o encontro);
11- Estou na esquina (quando ainda está decidindo se irá com o sapato de oncinha com laço vermelho ou o azul petróleo);
10- Vamos dividir a conta? (no primeiro encontro);
9- Não penso em casamento e filhos neste momento (quando o cidadão quer saber quais os planos para o futuro);
8- Ciúmes, eu?(quando pergunta quem é a assanhada que curtiu o link do benzão no facebook);
7- Estava na liquidação, quase de graça ( quando compra 3 pares de sapatos, cada um custando R$ 299,00 reais);
6- Não sou acostumada a beber (quando toma todas e mais duas com as amigas e não consegue sair p o programinha a dois combinado com o relacionamento do momento);
5- Eu cozinho super bem (quando questionada pela mãe do bofe sobre as habilidades culinárias);
4- Não parece, mas meu amigo na verdade é gay (quando o namorado questiona sobre o moreno forte e tatuado que atende pelo nome de Marcão) ;
3- Nunca vim num motel antes ( quando vai com um cara pela primeira vez no motel e ele pede para você ligar a teve, a luz, o som ou a hidro);
2- Você foi o segundo (antes dos 20 anos); Antes de você, tive uns 4 ou 5 (entre 20 e 25 anos); Passei bastante tempo em relacionamentos sérios ( dos 26 em diante);
1- Eu nunca fiz isso antes ( Frase usada em várias situações);
Não que eu já tenha usando algumas frases dessas. Longe de mim.
Ahhh, cansei deste blog. Acredita???
domingo, 3 de fevereiro de 2013
Todo mundo merece um desses.
Como eu e algumas amigas, muitas mulheres apreciam os bofes da Argentina (cheguei a conhecer a uma garota que teve a coragem de se mudar p Buenos Aires para ter maiores contatos com eles.
Primeiro, os argentinos são lindos e + todos os adjetivos do mundo que traduzam a expressão: Pegava fácil DEMAIS!! O cabelo com corte desconectado parece estar na moda por lá. E cá entre nós, é um arraso. Poderiam perfeitamente ilustrar um anúncio de marcas famosas de perfume. São estilosos e é difícil se contentar depois com a cafonice típica dos nosso tupiniquins (claro, sempre há exceções). Não vi muitos músculos por lá, mas todo o resto compensa horrores o braço não definido. Pelo que parece, eles não têm o costume de se empanturrarem de chope, cerveja e frituras como os nosso nativos e o resultado é q não têm aquela pança nada sexy que estamos habituadas a encarar.
Bem vestidos e despenteados, tem mistura mais interessante do que essa? E não para por aí não. Os porteños são românticos, mas de uma forma que só eles sabem ser. Não tem como explicar. Um brasileiro romântico é meloso. Um argentino romântico me leva par ao altar. A qualidade dos homens locais de BsAs é muito superior a melhor coisa que já saímos por aqui.
Fora isso, conversam com você olhando para os seus olhos e não para os seus peitos. Não são tão ansiosos como os brasileiros, sabem esperar a hora certa de partir para o abraço, se é que me entendem. Elogiam sem parecer pedreragem. São sedutores e misteriosos. Sempre deixam aquele no ar aquela vontade de conhecê-los mais a fundo.
E meninas P-A-S-M-E-M, ligam no dia seguinte. Eu, que não tenho costume de ter segundos encontros, adorei a “novidade”.
São gentis, desses que puxam a cadeira, falam com o garçom, com o taxista, com o pedinte de rua e ainda pagam a conta do bar. Sim, eles pagam a conta. Mais do que isso, eles nem deixam que a mulher tome conhecimento do valor da mesma. (Enquanto aqui o infeliz tem a capacidade de dizer que a conta deu X, mas ele não comeu o frango frito). Além de tudo, eles não têm medo ou vergonha de dizer o quanto nos acham especiais e o quanto estão felizes pela nossa companhia. E o melhor, em espanhol.... Vamos combinar que escutar um “Mi amor, me encantas” é mil vezes melhor do que escutar “Filé, você viu minha carteira?”
Eu, você e toda a torcida do flamengo (que gosta de homem) merecem um porteño.
P.S: Não achei uma imagem adequada que contemplasse as maravilhas que inspiraram esse post.
P.S 2: Tive ajuda de muiiitas outras mulheres para escrever. Não vou citar os nomes pq seria sacanagem, mas meninas, obrigada.
sábado, 26 de janeiro de 2013
Se apaixonar é uma piada de mau gosto
Laura era uma mulher com mais de trinta anos que tinha como principal característica o bom humor. Trabalhava e eventualmente saia com as amigas para beber e jogar conversa fora. Achava graça de como suas companheiras se apaixonavam por cafajestes e sofriam por eles. Dava conselhos se achando imune a tudo isso.
Se apaixonar e criar toda uma ilusão em cima de alguém que não te prometeu nada? Isso é coisa de adolescentes.
Mas cuspir p cima é levar uma catarrada bem no meio da testa. Um dia Laura, a super Laura, a moçoila genial, que não ama ninguém e acreditava ter ciumes apenas dos seus sapatos conheceu Luciano. Em um bar. Luciano, um desses tipos de cara que fazem até a mais indiferentes das mulheres perderem o fôlego. Luciano que toca violão e canta as próprias musicas. Luciano que tem tantas tatuagens pelo corpo que olhando assim, de perto, parece um caminho para o paraíso.
É claro que ela não acreditou naquele papo de encontro marcado e busca pela pessoa ideal. Mas deu seu telefone pra ele. E como a vida/ destino/ deuses/ a mistura do nome dele num papel cor de rosa coberto com mel (apelação) gosta de ver a gente quebrar a cara um pouco, ele ligou.
Sair no domingo não é bem o ideal. Mas ele toca violão e ele tem tatuagens. Como uma de suas amigas, desmonta o armário em busca da roupa que passe a mensagem certa, mesmo sem saber qual seria essa mensagem. E lá está ela no lugar e hora marcada.
O corpo dele e o corpo de Laura dançaram valsa em uma sintonia que parecia ensaiada. E ele teve o misterioso poder de virar Laura do avesso.
Laura se apaixonou por Luciano. Loucamente. Criou expectativas e uma linda festa de casamento imaginária. Escolheu nomes dos filhos, pensou em como seria dormir com ele todas as noites. Ficava distraída lembrando de como um rapaz que toca violão tem habilidade com as mãos. Com a cabeça nas nuvens, que é para quando cair em terra, criar um galo enorme e deixar de ser trouxa.
Como eu disse, se apaixonar é uma piada de mau gosto. Não demorou para o belo rapaz mudar o conteúdo das mensagens. E em vez de mandar para ela um “Essa noite então?” ele mandou “acho q as coisas estão indo rápido demais” que a esperta Laura traduziu adequadamente como: VAZA.
Laura curtiu aquela velha e boa fossa. Ouviu pagodes do “Só pra contrariar”, chorou, borrou o rímel e ficou uma ursa panda chique no seu vestidinho de cetim preto, adquirido para sair com o maldito. Alugou filmes de pancadaria, matou a garrafa de vinho branco de mesa suave pobre usado para temperar carne que estava dando bobeira na geladeira e dormiu agarrada num chaveiro de coração que o traste havia dado para ela. Humilhante como qualquer boa paixão é capaz de fazer.
Ainda bem que tudo isso passa. Até as boa piadas uma hora perdem a graça.
domingo, 18 de novembro de 2012
Era ganso ... e virou cisne
Estávamos em um boteco qualquer, num dia irrelevante para lembrar. Cada um de nós tinha o seu motivo para estar no bar. O meu era o de sempre, beber. O dele provavelmente era um desses objetivos típicos masculinos: Futebol ou uma companhia para a noite. Seja como for, eu olhei para ele e por algum motivo que tenha a ver com bebida e solidão, gostei do que vi. Gostei tanto que cheguei a sorrir. No começo, só queria ficar ali olhando mesmo. Mas ele percebeu meu sorriso e retribuiu. E quando eu menos esperava, ele veio falar comigo.
Não preciso nem dizer que começamos a sair. E eu comecei a gostar dele pra valer. Achava que enfim tinha encontrado um cara, o tal cara certo.
Os gansos são parecidos com os cisnes. Em partes. O Cisne é aquele animal belo, elegante que as pessoas usam para enfeitar o jardim. Inspirados em cisnes, alguém que eu desconheço apresentou um balé. Um cisne é como um balé. Delicado, leve e meio feminino para os nossos padrões.
O ganso, por sua vez, não enfeita jardim nenhum. O ganso sai correndo atrás de quem se mete a besta com eles. Na agressividade se for o caso. Se o ganso pudesse, tomava cerveja gritando “Tá impedido juiz ladrão”.
O meu novo cara parecia um ganso. Não fazia perguntas sobre o que eu queria fazer no final de semana. Parecia sábio o bastante para saber que nós, mulheres, nunca sabemos o que queremos. Por isso sempre compramos mais de um sapatos. Ele decidia onde me levaria e eu gostava disso. Também se oferecia para pagar a conta e sempre bebia mais do que eu.
Um dia brigamos. E ele bebeu demais e começou a chorar. Fiquei totalmente embaraçada, sem saber o que dizer e acabei pedindo desculpas sei lá porque. Quando eu era adolescente, lia nas revistas femininas que os homens não sabiam lidar com as lágrimas da mulherada. E percebi que na verdade ninguém sabe lidar com a lágrima alheia. Talvez os psicólogos, mas eles estudam anos e ganham p isso. Mas não eu. Naquele dia eu entendi porque um dia alguém inventou que os homens não devem chorar: Porque não há nada mais constrangedor que um homem chorar. E isso fica pior ao quadrado quando acrescentamos a voz que afina e as frases acusadoras. Vergonha alheia, a gente se vê por aqui.
Depois disso o cara resolveu fazer dieta. Começou com um papo estranho de evitar carboidratos e comer SALADA VERDE A VONTADE. Salada verde é a vontade porque ninguém aguenta comer mais do que a porção recomendada mesmo. Até aí a coisa estava chata. Mas um tempo depois ele decorou as calorias de todos os alimentos do mundo e seu principal passatempo era contabilizar tudo o que eu comia.
Experimenta tomar um choppe com a informação precisa de que ele tem mais de 300 calorias. A coisa não desce nem quadrada meu bem, desce triangular.
E para completar, o cara parou de beber.
-Uma água e uma cerveja. A água é para mim e a cerveja para a minha namorada.
E a garçonete respondeu:
-E a conta é p ela também?
Era uma vez um ganso que caiu numa piscina de purpurina, se enroscou numa pluma roxa e acabou virando um cisne. Desses que seguem as orientações da nutricionista e cantam “My Girl” de olhos fechados. Desses que tomam remédios para gripe e enxaqueca.
domingo, 4 de novembro de 2012
Paixão movida pelo ego?
Como saber se o que a gente sente por alguém é paixão mesmo, na lata, ou apenas ego? A princípio caro leitor, você vai me dizer que o sentimento da paixão é incomparável: Frio no estômago, pensamento nas nuvens, felicidade constante x desespero por perceber a catástrofe iminente, looongas conversas, depilação em dia se você for mulher e sexo bom.
Concordo. Paixão. E se o objeto dessa paixão for um moreno alto com cara de galã global? E se ele for aquele tipo que ouve the strokes no carro? Aquele tipo de cara que a gente achava que não se fabricava mais. Daí a paixão pode estar sendo movida pelo ego.
Explico: Sair com um cara que faz inveja em qualquer mulher – e alguns homens- faz um bem danado ao ego. Ainda mais se esse cara te pedir em namoro após a melhor transa da sua vida.
E eu te pergunto. Estaria apaixonada pelo cara que ele é hoje? Estaria apaixonada por um cara que prometia, mas não chegou lá. Estaria apaixonada com um corpo que deixou de ser uma união perfeita de músculos e bronzeado para dar “vida” a uma barriga de choppe e peitoral caído? Estaria apaixonada por um cara que na verdade é um tédio fantasiado de bom rapaz?
Não estou sendo fútil e dizendo que caras mais gordinhos não sejam amados. Muitíssimo pelo contrário. Estou dizendo que quando a gente gosta pra valer de um cara comum é porque é paixão mesmo. Mas quando o bofe é magia demais, pode ser apena o ego dando suas caras.
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