segunda-feira, 11 de abril de 2011

Palavras mortas pelo tempo assim como todas as coisas do mundo

Eu contava nos dedos para a sexta-feira chegar. Claro, eu sei que todo mundo faz isso. Mas eu não queria uma sexta regada a baladas e bebidas. Eu queria as sextas para estar com ele. Não que a gente não ficasse juntos nos outros dias da semana. Mas sexta-feira para quem está apaixonado sempre será uma sexta-feira.

Estava dando banho de creme nos cabelos quando o telefone tocou.

     - Gabi, é você? Pode descer aqui agora porque eu preciso falar com você?
     - Estou sozinha em casa. Sobe?
     - Não, desce você.

Eu prendi o cabelo ensopado de creme, vesti uma roupa e desci. O elevador demorou para chegar , pensei em descer de escadas, mas estava no nono andar. No elevador, eu tinha duas certezas. Ou ele me pediria em casamento, ou me daria um tremendo pé na bunda. Analisando o comportamento dele nos últimos dias e a minha sorte c homens, provavelmente seria a alternativa 2.

Quando cheguei, ele estava c uma cara péssima, como se tivesse chorado. Segurou a minha mão e disse:

   - Gabi, não vai dar para a gente continuar junto não....

    Eu não chorei, não lamentei, não tive nenhum reação considerada humilhante. Disse que tudo bem e
    pedi só para ele esquecer que eu existia. Tudo com uma cara de paisagem absurda que até hoje eu não sei como consegui.
Até hoje penso se agi da forma correta. Por que eu nunca disse para ele o quanto o amava. O quanto sonhei com o nosso primeiro beijo. Eu nunca disse que com ele eu realmente tinha feito amor. Eu nunca disse que não importava aonde eu estivesse, se ele estivesse por perto estaria tudo bem. Eu nunca disse que ele tinha braços incríveis. Que ele era lindo dormindo. Eu nunca disse que o cheiro dele não me deixava em paz. Que por ele eu fiz coisas que jamais faria por outra pessoa. Isso eu nunca disse.

Depois desse dia nunca mais o vi e nem falei com ele. Não sei o que aconteceu. Sei que não há um dia em que eu não lamente não ter me ajoelhado no chão e dito a ele o quanto eu o adorava. A minha indiferença, a minha frieza eram amor que eu nunca tinha sentido e por isso não sabia como demonstrar. Eu sei que não faz sentido amar alguém e tratar a pessoa com indiferença. Mas só eu sei como tudo que parecia tão estranho fazia todo o sentido para mim.

Eu sou quem mais defende a indiferença e o amor próprio. Mas também digo que devemos nos expor de vez em quando. Chorar, bater o pé. Dizer “Eu te amo”. Mesmo que não funcione (e não vai funcionar mesmo. Decisão tomada, baby, já era) , mas pelo menos a gente não fica c aquele buraco no peito, aquela sensação de não ter tentado, não fica com as palavras que não foram ditas entaladas dentro de nós, como ficaram entaladas dentro de mim por muito tempo.

4 comentários:

  1. UAuuuuu amiga!!!!! Muito bom o que escreveu hoje!!!! Sei bem do que esta dizendo, mas as vezes falar tudo que sente não vá mudar o que de fato já esta acontecendo!!!! Mas acho que a sensassão de ter tentado e de lutar pela pessoa amada é algo que nos deixa aliviada. Parabéns amiga, seu blog esta muito bom e as coisas que vc esceve são muito legais!!! Hoje quase chorei com o que vc escreveu aqui... Já vi muito essa situação!!!! hehehehehe Me orgulho de vc!!! Beijãooo

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  2. Obrigada Rezinha :)
    A gente se esforça tanto para parecer indiferente ao outro porque é isso que a gente aprende sobre amor, que acabamos perdendo a medida e sendo indiferentes até quando não precisa. E daí a pessoa vai embora da nossa vida sem a gente nunca ter dito o famosos: "eu te amo".

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  3. Pois é minha amiga!!!! Qd vc diz o que sente, a pessoa amada simplesmente acha que vc esta pressionando!!! É não é facil... então ficamos nessa de parecer indiferente!!! =S

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  4. Gra...Que lindo esse texto.
    Acabei de passar uma msg para o André dizendo que ele é importante para mim....rss..! Super influenciada pelo seu Post de hoje...!

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